(1) Listas canônicas

A americana Village Voice e a inglesa Time Out são revistas atuantes na crítica e na resenha cinematográfica.

A Cahiers du Cinéma é uma influente publicação francesa sobre cinema, formada por críticos e cineastas, que lançou o  conceito de cinema de autor, o movimento da nouvelle-vague, diretores como François Truffaut e Jean-Luc Godard e foi a primeira publicação a elevar Cidadão Kane a obra-prima. 

O American Film Institute foi criado em 1967 pelo National Endowement for the Arts and Humanities, órgão oficial americano de apoio à cultura, para preservar historia do cinema americano, a memória e o trabalho de seus artistas e produtores e formar novas gerações de roteiristas.

Em 1998, o AFI elaborou a lista 100 Anos, 100 Filmes, em comemoração ao primeiro centenário do cinema, a partir de uma lista prévia de 400 filmes e da votação de mais de 1.500 artistas e líderes da indústria cinematográfica. Em 2007, atualizou essa lista com novos filmes e, em ambas, Cidadão Kane figura em primeiro lugar.

Os critérios para essa votação foram a produção americana, a metragem longa, a significação histórica, o reconhecimento público continuado, o impacto cultural, o reconhecimento crítico e premiações importantes.

(2) Sonho americano

O sonho americano é uma promessa cultural de sucesso e de prosperidade para o empreendedor individual, no regime de ligualdade, livre iniciativa e democracia da América.

Essa idéia consta da Declaração de Independência dos EUA, onde se lê que todos os homens são iguais e têm os mesmos direitos à vida, à liberdade e à felicidade.

Segundo James Truslow Adams, que popularizou essa expressão em seu livro Epic of America, em 1931, no sonho americano a vida é melhor, mais rica e mais plena, com oportunidade para cada um conforme sua capacidade. 

(3) William Hearst

William Hearst (1863-1951) foi fruto de uma grande fase de prosperidade americana, a chamada Gilded Age (1865-1898), que reuniu os enriquecidos da Revolução Industrial e alçou os EUA a potência econômica, entre o final da Guerra da Secessão (1861-1865) e a Guerra Hispano-Americana (1898).

Hearst foi uma das principais figuras do chamado jornalismo amarelo. O jornalismo amarelo é a imprensa sensacionalista, que vive de grandes manchetes, para vender jornal, sobre tragédias, crimes e escândalos políticos e sexuais.

É um jornalismo tendencioso e aético, mais dedicado a criar o fato do que a noticiá-lo. Um jornalismo de vigilância. que denuncia a corrupção e as mazelas políticas, empunha bandeiras cívicas e abraça reivindicações das parcelas mais pobres, mas de forma demagógica e a serviço da chantagem e do abuso de poder.

Com esse jornalismo, William Hearst montou um império de mídia, formado por uma cadeia de 28 diários, em grandes cidades americanas; uma estação de rádio, duas agências de notícias, uma distribuidora de tiras cômicas e a maior editora mundial de revistas.

A crise de 1929 abalou fortemente esse império, mas Hearst manteve seu poder e sua influência, sobre a política e sobre indústrias importantes como a do cinema, que dependiam da veiculação de idéias e de publicidade em sua cadeia de mídia. 

E viveu o resto de seus anos como um imperador, num castelo atulhado de obras de arte; onde recebia, em festas memoráveis, presidentes americanos, políticos importantes, celebridades internacionais e a nata dos astros e estrelas de Hollywood.

(4) Direção de atores
Na direção de atores, Welles empregou toda a experiência e criatividade que trouxe do teatro, onde atuou antes do cinema.

Uma das razões para seu grande uso de efeitos especiais foi o orçamento enxuto com que trabalhou para fazer o filme. Outra foi sua predileção, como homem de teatro, pela hipérbole dramática.

O foco profundo lhe permitiu fazer o filme com o estilo de representação do Mercury Theatre,  através de tomadas longas e da transformação do estúdio num palco, com a apresentação quase contínua das cenas. 
 
A lente grande-angular mantinha os atores distanciados e há poucos closes, no filme, porque os gestos e maneirismos teatrais dos atores do Mercury, inclusive de Welles, perdiam muito com esse recurso. 

Welles se preocupava com o realismo. ou seja, em fazer a platéia se sentir diante de uma cena real e não de um filme. Para isso, fez um forro de musselina para os cenários e os transformou em salas, onde tomadas longas deram a impressão de tempo real e onde o foco profundo aproximou o espectador das personagens. 
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